A data foi criada em homenagem ao médico e jornalista Giovanni Battista Líbero Badaró, morto por inimigos políticos em 1830.
Por Hannah Paixão | Supervisão e edição de Luana Nunes
No dia 7 de abril comemora-se o Dia Nacional do Jornalista criado pela Associação Brasileira de Imprensa (ABI). A data foi escolhida como forma de homenagear o médico e jornalista Giovanni Battista Líbero Badaró, morto em virtude de suas denúncias e de sua ideologia que contrariava os homens que estavam no poder.
Jornalistas são fundamentais para a consolidação da democracia, mas vêm sofrendo muitos ataques nos últimos anos: segundo o relatório divulgado no início de 2021 pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), em 2020, o Brasil registrou recorde de ataques à imprensa.
Em meio aos ataques à classe conversamos com alguns estudantes e professores sobre o futuro e o mercado de trabalho da profissão.
As diferentes perspectivas para o futuro
Yuri Felipe, estudante do quinto período de jornalismo da Universidade Federal do Tocantins (UFT), espera poder trabalhar no jornalismo cultural, mas se sente desmotivado e ameaçado ao perceber que, pela não obrigatoriedade do diploma, o profissional pode ser facilmente trocado. “Perceber que o papel do jornalista pode facilmente ser trocado me deixou fragilizado”, complementa Yuri.
Matheus Dias está nos últimos períodos do curso de jornalismo da UFT, mas, apesar de ainda não ter finalizado, o aluno já está familiarizado com a área por trabalhar como repórter há quase dois anos. Sua expectativa após terminar o curso é poder ter mais oportunidades por conta do diploma e se especializar no jornalismo regional.
Dias acredita que um dos grandes desafios da profissão é combater o negacionismo. “Vivemos um período de negacionismo, onde infelizmente um grupo da sociedade tem descredibilizado instituições e veículos de imprensa, e isso dificulta o combate de notícias fraudulentas’. O estudante completa que o maior desafio tem sido fazer com que a notícia apurada e checada chegue até a população.
A professora e coordenadora do curso de Jornalismo da Universidade de Gurupi (UnirG), Gabriela Melo, acredita que a profissão possui um papel importante para o livre exercício da democracia.
Ela ressalta também que existem diversos espaços não ocupados na área que precisam ser debatidos. “A checagem de fatos tem sido uma área forte hoje e além disso, o jornalismo de dados que, muitas vezes aliado a diversas áreas, permite a investigação para abranger a complexidade de cada temática necessária à sociedade”, finaliza a professora.
O mercado de trabalho
O mercado de trabalho está se adaptando e migrando cada vez mais para o mundo digital. A professora do curso de jornalismo da UFT e coordenadora do Núcleo de Pesquisa, Extensão e Práticas Jornalísticas (Nujor), Marluce Zacariotti, esclarece pontos sobre o futuro e o que se pode esperar da profissão na atual perspectiva.
“É possível dizer que nosso cenário é movediço, estamos vivenciando uma transformação no mercado em função de fatores como o impulsionamento das mídias e redes sociais, aspectos econômicos e mudanças no mundo do trabalho com forte peso da plataformização”.
Ainda na conversa, quando questionada se existe um modelo ideal de formação para o profissional atual, a pesquisadora nega, mas afirma que existem alguns pressupostos. “O jornalismo tem especificidades e cada vez mais se exige a capacidade de leitura do mundo, o que implica numa boa formação humanística”, define.
Zacariotti vê como diferencial o compromisso do jornalista com o conhecimento de outra língua e a participação efetiva nas muitas possibilidades de agregar conhecimentos na universidade, como cursos, palestras, projetos de pesquisa, de ensino e de extensão.
A professora complementa que a formação deve ir muito além da sala de aula e sempre lembrar que, em um mundo altamente digital, é necessário ter conhecimento sobre programas, softwares, dinâmicas e ferramentas digitais.
O papel do Sindicato no fortalecimento da profissão
O Sindicato de Jornalismo do Tocantins (SINDJOR/TO) é uma entidade fundada para defender e representar legalmente a categoria profissional dos jornalistas que atuam em todo o Estado. Procuramos a representante do Sindjor, Alessandra Bacelar e conversamos sobre as ações de valorização do profissional que têm sido promovidas pelo sindicato.
Alessandra conta que o Sindjor/TO tem proporcionado ações que visam a capacitação, a valorização e o respeito do profissional. “[...] Então seminários, palestras e atividades variadas para que o jornalista tenha o seu papel valorizado e reconhecido”, afirma.
A presidente do sindicato esclareceu ainda que, apesar de não haver uma pesquisa científica com dados reais sobre como o jornalista tocantinense tem sido empregado, têm pessoas nas assessorias de imprensa, nos veículos de comunicação, assessoria de digital influencer, social media. "Estamos inseridos em vários locais, é o jornalista fazendo valer a sua qualidade de informação", finaliza Bacelar.
Confira a nossa seleção de eventos em comemoração ao dia do jornalista
Parabéns pela matéria e a todos que se empenham em nos manter informados.